AS THE TIDES SLOWLY FADE
JOÃO MENDÓÇA : 2023-04-13
13 de ABRIL / 06 MAIO 2023
O que vemos é energia e essa é a chave para desvendar aquilo que em nós é inerente e se desdobrará nas obras que são apresentadas.
As The Tides Slowly Fade evoca uma atmosfera abstrata que representa os vários estágios da Natureza, como o nascimento, renascimento, transição e transitoriedade – composta maioritariamente por elementos pintados, rasgados, fragmentados e abundantes vestígios de vivacidade.
Os elementos mudam lentamente de forma, cor e matéria ao longo de um período de tempo sob a influência do deslocamento do ar, evaporação, decomposição, crescimento / vivência ou toque. Evidenciando a passagem do tempo e as influências naturais e humanas. Na sua generalidade as obras caracterizam-se pelo fato de sempre parecer que algo aconteceu num dado instante e que se prolonga suscetível às mudanças nos restantes instantes.
Atraído pelo carácter do mar, a minha estadia na costa atlântica nutre o meu amor por este elemento. Observando as rochas, as algas, as ondas … e os restos de lixo que são engolidos pelas marés… com as pinturas, através de um caráter abstrato e subjetivo pretendo enaltecer as qualidades do nosso Mar e da nossa resplandecente Luz e não a reprodução e cópia de um determinado elemento podendo acidentalmente o inferiorizar.
Com um sentido intuitivo, a pintura revela a dualidade entre energia, com a sua luz e as formas do mar, com toda a sua força e movimento, embatendo sobre as falésias ou ocultando-se da superfície – simulando os seixos e as ondas esculpidas nas rochas que são criadas pela força da água e do vento.
Dado o esquema cromático proponho uma integralidade de géneros, tanto a utilização de tons mais escuros e outros mais claros, assim como da morfologia dos elementos compositores – formas abstratas suscetíveis de causar impacto e promover a curiosidade dos mais velhos bem como uma maior simplicidade de leitura para os mais novos.
Este é o lugar que organiza e representa a vida da energia, conferindo sistemas complexos que, no paradigma da modernidade e da urbanização, personificam a transformação da natureza em cultura.