RAÍZES

29 JUNHO / 08 JULHO 2023

Pediu-me a minha amiga Otília Diniz que escrevesse algo sobre o seu trabalho artístico que ora apresenta na galeria “Passevite”.

Anuí, porque sendo essa figura de “mulher” para mim, quase um enigma, achei que sim.
poderia dar, não o meu contributo — que é praticamente nulo— e, manifestar o meu apreço à tarefa a que meteu mãos e que se afigura bem mais preciosa do que à primeira vista poderá parecer.

Na realidade , o maior mérito desta obra é o abrir portas à curiosidade dos que pretenda mais profundamente, reconhecer um considerável número de linguagens nunca antes criadas pela artista ao longo da sua dupla vivência.

Existe um rigor que lhe é peculiar na forma como o traço domina a mancha após a execução desta.
Paradoxalmente essa mesma mancha movimenta-se em detrimento do desenho que lhe é imposto, ora se soltando ou se completando entre ligações periféricas, como se de uma organização citadina se tratasse mas, o corpo é também por vezes essa cidade e os órgãos ou as veias continuam sendo as vias de comunicação.
Otília, pretende comunicar e interagir com o público de forma a que cada leitor construa a arquitectura das imagens projectadas no seu âmago .

Porém o mais surpreendente no seu breve percurso artístico, não é a tentativa do imediatismo deliniar de um estilo próprio ( o que rapidamente repudia em ciclos encerrados) mas sim, fazer prevalecer o milagre da sobrevivência intrínseca do seu “ser “ “alma” e “mente” .

É uma resistente como as “raízes”que se apegam à terra onde nasceu e ao corpo onde vive que nunca descurou , entregando-se por completo a um ofício minucioso, permitindo neste novo ciclo da vida , fruir do gozo no acto criativo redescobrindo a própria personalidade.

Força Otília.

seixaspeixoto
Coimbra, junho 2023

+info : Otília Diniz