Sousa Mendes / Eduardo Lourenço, humanismo e consciência: 100 imagens e pensamentos

Pedro Amaral + Mathieu Sodore : 2023-12-14

14 DEZEMBRO / 13 JANEIRO 2024

“Prefiro estar com Deus e contra os homens, do que com os homens e contra Deus.”
Aristides de Sousa Mendes

“Deus levanta-se sempre mais cedo.”
Eduardo Lourenço

Em parceria e colaboração com o Comité Sousa Mendes, e na sequência de uma série de iniciativas, de homenagem a Eduardo Lourenço, realizadas pelo Comité, em 2022, o coletivo artístico Borderlovers, apresentará em 2023, em Bordéus, bem como noutros locais, em França e Portugal, no ano do Centenário do Nascimento do filósofo português, a exposição “Sousa Mendes / Eduardo Lourenço, humanismo e consciência: 100 imagens e pensamentos”.

São muitos os laços que unem Eduardo Lourenço a Bordéus, cidade de Michel de Montaigne, referência maior para o ensaísta português: foi para lá que emigrou nos finais dos anos quarenta, com uma bolsa universitária, e lá conheceu a sua futura esposa, Annie Salomon.

Ao longo da sua obra, Eduardo Lourenço deixou a sua marca no panorama intelectual português e europeu, questionando-se incansavelmente sobre a questão da Europa, sobre a possibilidade de uma consciência europeia, sobre o futuro da cultura nesse espaço promissor e prometido, mas sempre adiado ou interrompido – “a necessidade de uma consciência europeia, capaz de ser fator de paz, de desenvolvimento, de coesão e diversidade cultural, e a urgência de uma vontade política capaz de combater os egoísmos nacionais que foram responsáveis por trágicas guerras civis europeias com milhões de mortes.”

Por outro lado, o corajoso ato de desobediência de Aristides de Sousa Mendes, em 1940, às ordens formais recebidas do governo português, passando milhares de vistos, que salvariam milhares de vidas, foi um elevado ato de consciência pessoal e valeu ao cônsul português, um reconhecimento e dimensão universais, relativos a um português, únicos na História. Consideramos que esse nobre ato foi um traço maior, no esboço de uma Europa e Mundo melhores, sonhados e desejados por Eduardo Lourenço.

Gostamos de pensar que o legado de Aristides de Sousa Mendes e o herança cultural e obra de Eduardo Lourenço, a quem José Tolentino Mendonça na homilia da missa do seu funeral, descreveu como “um explorador e um cartógrafo, um detetive e um psicanalista do destino, um sismógrafo e um decifrador de signos, uma antena crítica e um instigador generoso e iluminado”, se complementam, como luzes de uma mesma consciência humanista, a da ação e da urgência, e a do pensamento.
A exposição

São 100 imagens que resultam de uma prática de atelier e vida muito grata a diversos artistas: o diário gráfico, embora neste caso, em folhas A3 soltas. Formal e tecnicamente recorre a técnicas de desenho, design gráfico, serigrafia, ilustração e pintura.

As sete ilustrações originais, feitas por Mathieu Sodore, com arranjos gráficos do Daniel do Nascimento, e alusivas ao centenário do filósofo, foram impressas em séries serigráficas, que foram, depois, manualmente intervencionadas por Pedro Amaral e por Mathieu Sodore, contendo 100 referências visuais simbólicas, referentes ao complexo e vasto universo do escritor português: Montaigne, Galileu, Husserl, Kierkegaard, Heidegger, Sartre, Goethe, Hegel, Vergílio Ferreira, Camões, Fernando Pessoa, Agostinho da Silva, Padre António Vieira, Antero de Quental, Almada Negreiros, Paul Klee e Charles Chaplin, são alguns exemplos.

A curadoria é partilhada por Pedro Amaral e por Isabel Barradas, Presidente do Comité Sousa Mendes.
O resultado é uma viagem visual, pelo universo do filósofo português, com uma incursão epistolar pelo legado de Aristides de Sousa Mendes. A acompanhar as 100 imagens de formato A3, junta-se uma pintura de grande formato alusiva à efeméride.

+info : Pedro Amaral

+info : Mathieu Sodore