VÍCTOR PÉREZ-PORRO Depois de anos dedicados ao processo criativo da pintura, em busca de um trabalho não representacional, continuo, digamos assim, a seguir um percurso abstrato com uma construção geométrica. Primeiro, as cores e as linhas foram misturadas, fazendo parte uma da outra, depois a linha começou a ser descontinuada e os segmentos organizados numa grelha, intuitiva de início e mais tarde mais racional.

Elas apenas se tocam no ponto em que podem ser expandidas pelo espaço, como “ladrilhos”, a preto e branco… as formas aparecem entre eles… sobressaindo entre elas as ondas. A cor seguiu o seu próprio caminho, diferentes formas com sombras e luzes foscas, criando uma grelha de diferentes pixeis, expandindo-se harmoniosamente pelas paredes, mudando a sua aparência e percepção. A síntese dos elementos possobilita a criação de novas tensões e relações, uma reflexão constante acerca dos componentes básicos da pintura, da forma, da textura e da cor. Esta busca é alimentada pela realidade para mais tarde ser transcendida, permitindo a entrada noutros contextos.

O meu primeiro contacto com o espaço do Passevite possibilitou-me a combinação de ambos os trabalhos, podendo adaptá-los ao white cube na entrada, seguindo um padrão de repetição e imagens espelhadas, de forma a alterar o ambiente, o “feeling” do espaço, adaptando-se aos diferentes volumes e, porque não, questionando-se de dentro para fora, como parte positiva de um processo onde as contradições e o sentido intangível da arte se podem encontrar