HOMENAGEM AO DIRECTOR
João Viotti | Homenagem ao Director : 2023-08-10
10 AGOSTO / 02 SETEMBRO 2023
Texto [pela mãe do artista]:.
. como se um ensaio para a vida.
“
O som seco e surdo desta fruta caindo
No murmúrio sem fim do
Oco silêncio da floresta” :
. Ossip Mandelstam.
O ilimite de uma construção pessoalíssima onde se vê e escuta e sente o som da desconstrução do objecto aparentemente “oco” que João Viotti ressalva de uma “floresta” falante de gestualidades várias . Um procurar sabotar a estereotipada cena que habitualmente vemos como sombras de uma paisagem murmurante de conceitos comuns.
João Viotti acredita na desconstrução construtiva onde exerce a alegria iconoclasta de ir mais longe no perto. Do aparente absurdo reconstrói uma paisagem que nos obriga a olhar para lá do evidente num propósito lúdico e conscientemente pluriforme .
Como se tudo pudesse ser re.transformado em novas linguagens e linhagens.
Desafiador convicto assume o perigoso abismo da diferença sem o cálculo pretensioso de agradar ao “murmúrio” do tradicional e facilmente entendível.
Um caminho anguloso onde a poética do gesto assume a racionalidade do quase irracional . Desafiante.
É uma ida ao humano como exercício da ambivalência de que somos feitos. Pequenos arbustos que devoram a floresta do comum para nos inquietar dizendo ” aprender é fazer. Quem não faz não sabe”.
Entremos pois no universo especial de João Viotti que como Rimbaud “esculturaliza” a dimensão do objecto palavra com peso e forma na mais “romântica”
sabotagem de um peculiar estar fora e dentro deste mundo.
Um macro-exercício de sombra e de luz ousando o eco o murmúrio e uma nova floresta.
A facilidade não mora aqui. É a vida a ser um até quando enquanto a arte for micrologia de um mundo
tentacular de arame em ramos extensíveis. relação difícil mas nunca “oca”. Como se fora um zooming inultrapassável. Simbólico.
O humano pode e deve ser para além do imediato.
Isabel Mendes Ferreira. (2023)